segunda-feira, 12 de agosto de 2013

DO PÓ AO PÓ


Dizem que do pó viemos e ao pó retornaremos. A frase mostra a fragilidade da existência e que ao final, não levamos nada. Algumas pessoas, porém, preferem o entendimento literal e fazem do pó o grande constituinte no transcurso de suas vidas.

Depois de chegar em Chapadinha trazendo apenas o pó da estrada, um pretenso empresário narcisista começou seu trabalho transformando madeira em pó e cinzas. Depois de perder a alegria em transformar tudo em pó, resolveu transformar o pó em alegria, e durante muito tempo tudo foi festa.

Festa de carnaval. Festa no interior. O empresário fazia até nevar no banheiro. Do dinheiro que transformou em pó, conseguiu patrocinar amizades para compensar o desamor da infância e sentir-se amparado por uma legião de puxa sacos. Mas o pó é traiçoeiro e tem essa tendência de retornar ao seu estado inicial. Talvez seja o Karma.

A política entrou pelas suas narinas inflamadas e tudo começou a mudar. O colchão já não trazia tranqüilidade e perdeu o gás pelos negócios. A casa foi empenhada e corre sério risco de terminar como chegou, apenas com o pó da estrada. O círculo fechou. Do pó ao pó...

Mesmo assim, acredito que vigaristas e viciados mereçam um recomeço. Quando este novo-pobre estiver sem teto, farei a doação de um colchão e um botijão de gás para que ele tenha uma segunda chance nas casas doadas pelo governo. Oferecerei também um ombro amigo, mas aviso que se olhar em meu ombro um pó branco, não fique animado. É apenas caspa.

Dr. Ernani Maia
(Cirurgião-Dentista)

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